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A partir do século XX, gêneros populares e menores, como a ficção científica, as distopias e as histórias em quadrinhos, passaram a ser utilizados por grupos minoritários para questionar o cânone literário. Esse uso crítico e muitas vezes político dos gêneros discursivos, quando esbarra nas relações de gênero sexual – especialmente na relação romântica entre homens e mulheres – apresenta tensionamentos que atestam o quanto as histórias de amor contribuíram, por vezes, para perpetuar a dominação e a opressão sobre as mulheres, ao reforçarem condutas sociais rígidas e conservadoras. No entanto, ainda que sejam amplamente consumidos e suscitem debates pertinentes à atualidade das relações de gênero, esses produtos, principalmente as revistas em quadrinhos românticas, continuam ainda pouco estudados. Atentando para tal lacuna, o autor busca compreender como o elemento romântico é articulado dentro de O Idílio, revista em quadrinhos dirigida a moças e rapazes, publicada no Brasil a partir de 1948.
A obra analisa como o elemento romântico é articulado na construção de um imaginário popular sobre gênero em revistas em quadrinhos, verificando como os elementos da cultura privada das mulheres e dos homens puderam ser apropriados e representados nesses produtos culturais. Que possíveis repercussões essas representações teriam na perpetuação de relações de dependência e das hierarquias de gênero? O tema é abordado a partir de perspectivas feministas sobre gênero, teorias relativas ao amor e um breve levantamento do mercado editorial dos quadrinhos românticos nos Estados Unidos e no Brasil, passando pelas Pulp Magazines, as revistas românticas e seus subgêneros.
Em um cenário pós-guerra, a criação de espaços inusitados para o amor e a inserção da ideologia do consumo por meio de novos ideais de felicidade contribuíram para se discutir conceitos de masculinidade e feminilidade, demonstrando o quanto revistas românticas, apesar de conservadoras, apresentaram avanços substanciais no que se refere às relações de gênero, ambiguidade que parece necessária tanto para se entender um projeto norte-americano de família e de consumo, quanto seus reflexos no Brasil a partir de produtos culturais como as HQ’s.
Editora: Ape'Ku Editora
ISBN: 978-65-86657-26-5
Ano de edição: 2020
Distribuidora: Ape'Ku Editora
Número de páginas: 182
Formato do livro: 16 x 23 cm
Número da edição: 1
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